eu falando em cansaço pela 12658ª vez no ano
Apesar dos transtornos, eu tô na fase de querer ouvir notícias e informações (calma, com limites, senão o cérebro explode). Talvez essa força que me puxa pra trás me forçando a pausar toda a minha vida por terceiros faça com que eu queira me mover de alguma forma, seja da forma que for. Meu cérebro tem procurado escapes.
Aí que tava vendo um trecho de uma entrevista com a Jout Jout e ela falava sobre o repasse da carga mental do homem para a mulher citando um exemplo que era algo assim: O homem dizia "pode deixar, amor, eu faço o café. Só me diz onde está o pó" e em seguida perguntava onde tava a cafeteira, como esquentava a água... e assim, passivamente, a mulher que não precisaria fazer o café, acaba tendo que pensar pelo homem sobre o processo de fazê-lo - e em muitos casos, acaba se estressando e passando na frente e tomando para si a ação de fazer o café.
Pra exemplificar a enorme recorrência disso na vida, meu pai hoje tava saindo e a porta ainda tava fechada. Ele olhou pra minha mãe e perguntou "como vou abrir os cadeados? Cadê a chave?". Tomei a frente pra apontar que tava na porta, ali, bem na frente dele. E fui abrir os cadeados. Fui pra cozinha pra contar essa mesma história do vídeo acima, sobre como temos uma vida de sobrecarga mental por parte de homens que todo o trabalho que precisa ter é pensar por si.
Dentre os meus privilégios (desses que deveria ser um direito nato), eu tenho o de ter tido um pai presente e atuante, mas que não fugiu nem de ser um fruto do machismo e, tampouco, de sua época.
Sei como terminar esse texto? Não sei. É só um cansaço compartilhado em palavras, pra variar.